01.01 Art Platform: uma proposta artística e decolonial

Ana Beatriz e Thayná Trindade com obras do acervo IPEAFRO. Foto: Elisa Larkin Nascimento

Com as devidas precauções em razão da pandemia, o IPEAFRO recebeu visitas dos diretores da 01.01 Art Platform Ana Beatriz Almeida  e Moisés Patrício, e da curadora Thayná Trindade, nos últimos dias 16 e 19 de outubro. A honra de recebe-los foi desdobramento da ida do IPEAFRO ao espaço da Plataforma na feira ArtRio, realizada na Marina da Glória, Rio de Janeiro. O stand da 01.01 se destacava por apresentar ao público uma coleção de arte decolonial. Sem dúvida, uma estratégia inovadora no mercado das artes e uma ação política de reparação.A plataforma é uma iniciativa pioneira de arte que oferece uma maneira mais consciente de adquirir arte contemporânea, com foco na produção da diáspora africana e africana. Criada por artistas e curadores africanos e brasileiros, a plataforma tem como objetivo reverter antigas rotas de comércio de escravidão em um circuito de intercâmbio cultural e interlocução solidária, promovendo maneiras justas de coletar e consumir arte. O tema é urgente. 

 

Milsoul Santos (IPEAFRO) e Moisés Patrício (01.01 Art Platform), com a pintura “Onipotente e imortal: Adinkra asante”, de Abdias Nascimento e o Exu em bronze de Ronaldo Rego, obras do acervo IPEAFRO.

Foto: Elisa Larkin Nascimento

 

 

 

 

Espaço da 01.01 Art Platform na ArtRio: Elisa Larkin Nascimento (IPEAFRO) com Thayná Trindade, Ana Beatriz e Moisés Patrício (01.01 Art Platform).

Foto: Julio Menezes Silva

 

 

Espaço da 01.01 Art Platform na ArtRio: Thayná Trindade (de costas, lado esquerdo), Elisa Larkin Nascimento (de frente), Andréa Almeira (museóloga, de azul), Ana Beatriz Almeida (01.01 Art Platform) e Marcelo Campos (curador e professor da UERJ, de costas, de branco).

Foto: Julio Menezes Silva

A coleção Museu de Arte Negra do IPEAFRO recebe desenho de Santa Rosa feito por Rubem Valentim

O IPEAFRO agradece a Marcelo Pallotta, da Galeria MaPa, pela doação à coleção Museu de Arte Negra (MAN) de desenho do artista Rubem Valentim, cujo trabalho se destaca na arte de temática negro-africana. Trata-se de um retrato informal do cenógrafo Tomás Santa Rosa, colaborador do Teatro Experimental do Negro (TEN) e pioneiro da cenografia moderna no Brasil. A obra dialoga com outro retrato de Santa Rosa, já pertencente a o acervo do MAN, que foi feito por Augusto Rodrigues em 1966. Na foto, Marcelo Pallotta, Camila Barella e Elisa Larkin Nascimento com o desenho de Rubem Valentim doado à coleção MAN, IPEAFRO, 14/10/2020.

 

Desenho de Tomás Santa Rosa por Rubem Valentim. Lápis de cor (crayon) sobre papel, 28 x 21 cm. Rio de Janeiro, maio de 1959. Doação à coleção Museu de Arte Negra (MAN), feita por Marcelo Pallotta da Galeria MaPa.

 

 

 

 

 

 

Augusto Rodrigues, retrato de Santa Rosa. Tinta nanquim e guache sobre papel, 35 x 40 cm. Rio de Janeiro, 1966.

 

13 de setembro: 105 do nascimento do sociólogo Guerreiro Ramos

Alberto Guerreiro Ramos (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 13 de setembro de 1915 – Los Angeles (EUA), 1982) foi importante cientista social brasileiro.  No jornal Quilombo, órgão de imprensa do Teatro Experimental do Negro, foi articulista contribuindo com importantes textos sobre as relações raciais.

A professora Dra. Elisa Larkin Nascimento, diretora do IPEAFRO, apresentou artigo sobre o autor no Seminário “Guerreiro Ramos – Intérprete do Brasil”, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 10 e 11 de Setembro de 2015  por ocasião do centenário de Guerreiro Ramos. O seminário foi organizado pelo Núcleo de Estudos de Identidades e Relações Interétnicas (NUER), da UFSC. Criado em 1986, o NUER é um dos mais antigos NEABs no ensino superior público brasileiro. O seminário contou com a presença de pesquisadores, estudiosos e ex-alunos do professor Alberto Guerreiros Ramos, e com a coordenação geral da equipe do NUER. O IPEAFRO parabeniza o NUER pelo trabalho realizado nesse encontro, que nos brindou com um rico intercâmbio de depoimentos e estudos sobre a vida e obra de Guerreiro Ramos. 
 
 
RESUMO: Guerreiro Ramos exerceu sua “sociologia militante” no Teatro Experimental do Negro (TEN). Desde jovem, ele vinha elaborando sua ideia do “sujeito epistêmico”. Seu legado teórico dialoga com o pensamento sociológico contemporâneo internacional. A autora propõe uma leitura de Guerreiro Ramos em diálogo com autores como Agnes Heller, W. E. B. Du Bois e Manuel Castells, enfocando paradigmas como a redução sociológica, a vida cotidiana, carecimentos radicais, identidades de resistência e de projeto. Examina o papel de Guerreiro Ramos na idealização do Concurso Cristo de Cor, iniciativa do Teatro Experimental do Negro em 1955, realçando o TEN como exemplo do “sujeito epistêmico”. Aprecia textos de Guerreiro Ramos sobre a pintura de Abdias Nascimento, escritos durante o período de exílio dos dois nos EUA, concluindo que a abordagem da estética negra nesse período dá continuidade ao enfoque sobre esse tema desenvolvido nos trabalhos anteriores de Guerreiro Ramos.
 
Leia aqui os demais trabalhos apresentados no seminário, que merecem toda a atenção de quem quer se informar sobre Guerreiro Ramos. Eles estão reunidos em número especial da revista Ilha (da antropologia da UFSC), organizado por Ilka Boaventura Leite e Amurabi Oliveira:

https://periodicos.ufsc.br/index.php/ilha/issue/viewIssue/2423/58

 

EDUCAÇÃO: COLEÇÃO DECOLONIAL – DE PRETO PARA PRETO

Em decorrência das mudanças sócio-culturais em curso nas últimas décadas e que encontram seu ápice na pandemia de COVID-19, este programa sobre Coleções Decoloniais tem como objetivo introduzir de maneira mais prática e profunda novas demandas éticas e estéticas do mercado de arte. Busca-se uma compreensão mais diversa e crítica das produções de arte contemporânea de caráter decolonial, em especial a partir de produções africanas e afrodescendentes.

O objetivo dos 5 meses de curso é familiarizar-se com tal produção, bem como desenvolver ferramentas críticas e apurar performances de impacto social correspondentes às novas demandas decorrentes da crise racial e institucional trazidas como marco histórico da atual pandemia. Desta forma os encontros terão como metodologia: estudos de caso, introdução a conceitos filosóficos e cosmogônicos, além de pesquisa de campo e prática curatorial. As sessões serão organizadas uma vez por semana em encontros focados em campos específicos tais como performance institucional, novas ferramentas para leitura de arte contemporânea e práticas artísticas como linguagem. Todo último encontro do mês será marcado por uma atividade interdisciplinar a fim de promover a fusão das disciplinas mencionadas acima. Ao final dos cinco meses, a turma realizará projetos curatoriais completos sob consultoria das facilitadoras e assistência da plataforma 01.01- o formato de realização destes projetos acontecerá em comum acordo entre a turma e as facilitadoras.

Duração do curso: 16 de Setembro de 2020 a 23 de Fevereiro 2021, às quintas-feiras às 20h. 
Para acessar informações clique aqui: https://www.sympla.com.br/curso-colecao-decolonial__956676

SOBRE AS MESTRAS

KEYNA ELISON – Curadora.  Diretira artítisca do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ). Pesquisadora, herdeira Griot e xamãnica, narradora, cantora, cronista ancestral. Mestre em História da Arte e especialista em História da Arte e da Arquitetura pela PUC – Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro); bacharel em Filosofia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Curadora da 10a. Bienal internacional de Arte SIART, na Bolivia. Atualmente cronista da revista Contemporary&, e Professora do Programa Gratuito de Ensino da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro.

CAMILLA ROCHA CAMPOS – Auto-evolucionária, artista, escritora e professora. Diretora Artística da Residência Internacional Capacete e membro do Conselho Educativo da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Mestra em História e Crítica de Arte pelo Instituto de Arte da UERJ. Graduada no curso de Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ. 

ANA BEATRIZ ALMEIDA. Curadora convidada da Bienal de Glasgow de 2020, mestranda em História e Estética da arte pelo MAC-USP e doutoranda pela King’s College (UK). Colaboradora da plataforma 01.01.Entre o final de 2018 e início de 2019 ministrou workshops em instituições europeias e africanas sobre sua pesquisa em novas ferramentas de crítica de arte contemporânea a partir de ritos de morte africanos e afrodescendentes (ANO INSTITUTE- Accra/Gana, Zinsou- Cotonou/Benin, Tate Modern-Londres/Inglaterra, CCA- Glasgow/Escócia, KM Institute for Contemporary Art- Berlin/Alemanha). 

 

 

 

Ipeafro participa da exposição O Rio do Samba: Resistência e Reinvenção

Abdias Nascimento, O Totem da Liberdade. Acrílico sobre tela, 202 x 102 cm. Búfalo, EUA, 1974

O Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros – IPEAFRO participa da exposição O RIO DO SAMBA: RESISTÊNCIA E REINVENÇÃO, no Museu de Arte do Rio, com curadoria de Nei Lopes, Evandro Salles, Clarissa Diniz e Marcelo Campos.

A obra Totem da Liberdade, de Abdias Nascimento, além de seis fotos históricas da atuação do Teatro Experimental do Negro (TEN) e da atividade política de Abdias fazem parte da exposição, que será aberta ao público no dia 28 de abril de 2018. 

A exposição propõe um percurso pela história social do samba — patrimônio imaterial brasileiro —-, da diáspora africana à atualidade do samba carioca. A perspectiva da resistência e da reinvenção cultural atravessam a mostra, apresentando a potência do samba como fenômeno social e estético.

Não perca!

SERVIÇO

Museu de Arte do Rio – Praça Mauá, 5, Centro – Rio de Janeiro.
Visitação de terça a domingo, das 10h às 17h.
Entrada gratuita às terças.