Campanha dos 21 dais de ativismo marca a data do dia 14 de março

A Campanha dos 21 dais de ativismo marca a data do dia 14 de março como momento importante de lembrar que há 5 anos estamos sem respostas de quem mandou matar Marielle e Anderson. Ao sair de uma atividade dos 21 dias, Anderson e Marielle foram emboscados e brutalmente assassinados.

Marielle era uma mulher preta, bissexual, cria da favela da Maré, lésbica e tinha conseguido o quinto lugar no número de votos na eleição para vereadora na cidade do Rio de Janeiro. Ela se mobilizou intensamente para eleger mais mulheres e incentivar jovens mulheres negras, tema de sua última atividade. Mais do que o grande papel que exercia na política, a cria da Maré, também mostrava que iria mais longe.

Dia 14 de março também tem a marca do nascimento de outros dois ícones da luta antirracista: a escritora Carolina Maria de Jesus e o político, escritor, pintor e ator Abdias Nascimento. Carolina de Jesus escrevia sobre seu cotidiano de mulher negra e pobre em todos os lugares que podia; e também questionava políticos que nada faziam pela população pobre e negra.

Abdias fez de seu cotidiano palco para a luta antirracista em várias áreas, sempre tentando transformar em política pública e em formato das muitas formas de artes que realizava.
Para eles não bastava ser contra o racismo, eram também antirracistas!

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Inhotim inaugura Terceiro Ato: Sortilégio, exposição que aborda a trajetória de Abdias Nascimento como artista visual no exterior

Em curadoria conjunta com o Ipeafro, a mostra apresenta mais de 180 obras, entre documentos, livros, trabalhos de Abdias e de artistas como Mestre Didi, Rubem Valentim, Melvin Edwards, Regina Vater, Emanoel Araujo, Hélio Oiticica e Anna Bella Geiger

Brumadinho, MG – Em curadoria conjunta com o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro- Brasileiros (Ipeafro), o Inhotim sedia um museu dentro de seu espaço e traz, desde 2021, a iniciativa idealizada por Abdias Nascimento (1914- 2011) no começo da década de 1950: o Museu de Arte Negra. Como parte desse projeto, a exposição Terceiro Ato: Sortilégio, que inclui em seu título o nome da primeira peça teatral escrita por Abdias – Sortilégio (Mistério Negro) -, em 1951, e marca o princípio de sua produção artística ligada às tradições afro- diaspóricas, será inaugurada no dia 18 de março de 2023, sábado, na Galeria Mata. Terceiro Ato: Sortilégio aborda o período de exílio do artista, entre 1968 e 1981, evidenciando a difusão da arte negra brasileira no exterior.

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Como dramaturgo e depois pintor, Abdias Nascimento desempenhou um papel político e social que estabeleceu uma mudança de paradigma para a reconstituição de uma ordem epistêmica africana, usando linguagem e símbolos das tradições afro-diaspóricas. Neste sentido, Terceiro Ato: Sortilégio se organiza em cinco núcleos temáticos (Símbolos rituais contemporâneos; Nova York: início do exílio; Professor universitário; Artistas afro-brasileiros; e Orixás: concepção da vida e filosofia do universo) concentrados na maciça produção de Abdias como pintor, que se dá, sobretudo, fora do Brasil. “Nascimento continuou seu interesse pela ancestralidade africana como base para sua
produção artística. Assim, essa comunicação constante com a epistemologia das religiões afro-diaspóricas está no cerne de seu pensamento enquanto intelectual e artista”, pontua Deri Andrade, curador assistente do Inhotim.

Parte das obras expostas na mostra é de artistas brasileiros(as) que marcavam presença na cena artística estrangeira, principalmente nos EUA, em Nova York, no mesmo período em que Abdias Nascimento esteve no país, interagindo com a sua paisagem e com o seu entorno, e mostrando um reconhecimento dos territórios por onde passaram. Os núcleos da exposição buscam reafirmar a ideia do Museu de Arte Negra como um museu coletivo, feito por pessoas
que cruzaram a vida de Abdias. A sala de vídeo exibe ainda o documentário Exu Rei – Abdias Nascimento (2017), de Bárbara Vento, que salienta as características de grande expressividade e comunicação de Abdias Nascimento, bem como seu dinamismo e ativismo, dialogando com o arquétipo de Exu enquanto figura de transformação e a sua influência na cultura negra e na arte brasileira.

Constituída por peças de empréstimos – a grande maioria pelo Ipeafro – e de aquisições recentes do Inhotim, Terceiro Ato: Sortilégio traz ao público mais de 180 obras, com trabalhos de Abdias Nascimento e de outros artistas como Mestre Didi, Rubem Valentim, Melvin Edwards, Regina Vater, Manuel Messias, Emanoel Araujo, Hélio Oiticica, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Iara Rosa, Romare Bearden, LeRoy Clarke, além de livros e documentos de pesquisa de Abdias sobre o Candomblé e os Orixás.

A exposição apresenta um núcleo dedicado a Exu, Orixá presente em um grande número obras de Abdias. Exu é o Orixá da comunicação, guardião dos caminhos. “Abdias pensa os Orixás, os símbolos ritualísticos e a linguagem ancestral como ponto de conexão pan-africanista. Ele resgata em seu trabalho o sentido do Candomblé como uma concepção de vida e filosofia do universo”, explica Douglas de Freitas, curador do Inhotim.

Em maio de 1968, nas comemorações pelos 80 anos da abolição da escravidão, o Teatro Experimental do Negro realizou a exposição inaugural da coleção Museu de Arte Negra, no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Ao longo daquele ano, Abdias Nascimento teve forte interlocução com artistas nacionais e internacionais, e o projeto Museu de Arte Negra ganhou destaque na mídia, em especial no Correio da Manhã, veículo que fazia oposição ao Regime Militar. No final do mesmo ano, Abdias Nascimento recebe uma bolsa de intercâmbio cultural nos Estados Unidos. Com a promulgação do Ato Institucional no 5, em 13 de dezembro de 1968, o Congresso é fechado e inicia-se a fase da mais violenta repressão política da ditadura militar no Brasil. Abdias já era alvo de vários inquéritos policiais militares, antes de sair do país.

Sob o risco de ser perseguido, torturado ou assassinado pelo governo brasileiro de então, o pintor se vê impedido de retornar ao seu país de origem. O fato limita as atividades do Museu de Arte Negra em solo brasileiro, mas não as do seu curador, que continua produzindo e coletando obras durante o seu exílio. É neste período que Abdias intensifica sua atividade como pintor, em cidades como Nova York e Buffalo, dialogando com as paisagens e com os
círculos artísticos desses lugares – que podem ser vistos em sua obra como representações desses espaços e também como homenagens a outras figuras de seu convívio, como Rubens Gerchman. A presença da religiosidade de matriz africana em seu trabalho também se consolida.

“É no exílio que Abdias Nascimento passa a ser internacionalmente reconhecido não só como pintor, mas principalmente como uma das personalidades brasileiras mais preparadas para o enfrentamento ao racismo em suas dimensões estética e estrutural. A experiência acumulada desde a sua participação na Frente Negra Brasileira, nos anos 1930, passando pelo Teatro Experimental do Negro, jornal Quilombo e pela criação do projeto Museu de Arte Negra, contribui para a consolidação de uma biografia que o levou, já próximo do final de sua vida, em 2009, a ser indicado oficialmente ao prêmio Nobel da Paz pelo conjunto da obra”, afirma Julio Ricardo Menezes Silva, pesquisador do Ipeafro e coordenador do Museu de Arte Negra virtual.

Terceiro Ato: Sortilégio é o penúltimo dos quatro atos da proposta, representados anteriormente pelo Primeiro Ato: Abdias Nascimento, Tunga e o Museu de Arte Negra e pelo Segundo Ato: Dramas para negros e prólogo para brancos, partindo do legado multidisciplinar de Abdias Nascimento – poeta, escritor, dramaturgo, curador, artista plástico, professor universitário, pan-africanista e parlamentar com uma longa trajetória trilhada no ativismo e na
luta contra o racismo.

Sobre o Museu de Arte Negra
Desde os anos 1940, Abdias Nascimento e seus companheiros do Teatro Experimental do Negro (TEN) trabalhavam com a proposta de valorização social do negro e da cultura afro- brasileira por meio da arte e da educação. O TEN buscava delinear um novo estilo estético e dramatúrgico, e assim lançava as bases para a fundação do Museu de Arte Negra. Foi o TEN que, em 1950, no Rio de Janeiro, organizou o 1o Congresso do Negro Brasileiro, em que se discutiu a “estética da negritude” e modos de visibilização e valorização da produção de artistas negros e daqueles que lidavam com a representação da cultura negra em seus trabalhos. Nesse sentido, a plenária do Congresso aprovou uma resolução sobre a necessidade de um museu de arte negra. O TEN assumiu o projeto, e assim nasceu o Museu
de Arte Negra.

A coleção Museu de Arte Negra ganhou forma sendo composta por pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, esculturas, dentre outras, numa pluralidade de suportes e técnicas, doadas por artistas em interlocução com os ativistas, intelectuais e artistas do TEN. Em 1955, o TEN promoveu um concurso de artes plásticas e uma exposição sobre o tema do Cristo Negro. A exposição inaugural da coleção Museu de Arte Negra abriu em 6 de maio de 1968,
no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Nascimento aproveitou, para isso, a comemoração dos 80 anos da abolição da escravatura, ocorrida em 1888. Entretanto, ele e seu time tinham plena consciência de que as estruturas que sustentavam o regime escravista de violação de direitos e da dignidade humana se mantinham sob a forma do racismo. Sem medidas reparatórias como acesso ao emprego, à cultura e à educação, a abolição resultou
na exclusão social, econômica, política e cultural da população negra recém-libertada. Terceiro Ato: Sortilégio conta com o patrocínio do Itaú Unibanco e da Petrobras, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura e Governo Federal, União e Reconstrução. Pela Petrobras, o projeto foi contemplado na Chamada Petrobras Cultural Múltiplas Expressões 2022.

SERVIÇO
Terceiro Ato: Sortilégio
Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra
Abertura: 18 de março de 2023, sábado, a partir das 9h30
Data: 18 de março a 06 de agosto de 2023
Local: Galeria Mata, Instituto Inhotim

O peso simbólico do 14 de março | Carolina, Abdias e Marielle: Vida, Ancestralidade e Continuação

Imagem criada por Luiz Carlos Gá em 2019, por ocasião do evento “Carolina, Abdias e Marielle: Vida, Ancestralidade e Continuação”, realizado em 14 de março daquele ano no Centro de Artes da Maré, na favela Nova Holanda, no Rio. Gá fez sua passagem no último dia 26 de fevereiro e do Orum nos inspira a seguir adiante. Valeu, Gá!

Hoje, 14 de março de 2023, é dia de reverenciar três ancestrais. Neste dia nasceram em 1914 Carolina Maria de Jesus, escritora, e Abdias Nascimento, professor, artista plástico e político brasileiro oficialmente indicado ao Nobel da Paz. Morreram a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes, em 2018, em crime ainda não desvendado. Quem mandou matar Marielle?

Por lei estadual no Rio de Janeiro, o dia 14 de março é Dia do Ativista pelo aniversário de Abdias, e Dia Marielle Franco de Luta contra o Genocídio das Mulheres Negras. Essas personalidades dedicaram a vida a resistir ao racismo brasileiro, o denunciaram ao mundo e deixaram um legado para as futuras gerações levarem adiante esta luta. 

Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977)

Nasceu em Sacramento (MG) em 14 de março de 1914. Estabeleceu-se na favela do Canindé, em São Paulo. Teve três filhos. Cuidou deles sozinha. A fome fazia parte do cotidiano de sua família. Catando papéis tirava o mínimo para o sustento. Dos papéis também vinham os pedaços de folha onde escrevia suas memórias, textos, poesias e sonhos. Um dia, o jornalista Audálio Dantas encontrou-se com Carolina e publicou sua história no jornal Folha de S. Paulo. Dois anos mais tarde, em 1960, seus textos foram reunidos em Quarto do Despejo, livro que virou best-seller. Vendeu mais de quatro milhões de livros no exterior, 3 milhões no Brasil. Morreu em 1977.

Marielle Franco (1979 – 2018)

Marielle Franco foi uma política brasileira. Formada em Sociologia (pela PUC-Rio) e com Mestrado em Administração Pública (pela UFF). Eleita Vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) no ano de 2016, com 46.502 votos. Ao longo do período em que atuou como vereadora apresentou 16 projetos de lei, especialmente pensados em políticas públicas para negros, mulheres e LGBTI. Mãe, mulher negra de favela, mãe, lésbica. Foi assassinada ao lado de seu motorista Anderson Gomes em um 14 de março, em crime ainda não desvendado. 

Abdias Nascimento (1914 – 2011)

Poeta, escritor, dramaturgo, curador, artista plástico, professor universitário, pan-africanista e parlamentar brasileiro. Com uma longa trajetória trilhada no ativismo e na luta contra o racismo, foi indicado ao Nobel da Paz. Nasceu em Franca (SP) em 1914 e morreu no Rio em 2011, aos 97 anos. Funtou o Teatro Experimental do Negro, o jornal Quilombo e o Museu de Arte Negra. Foi perseguido politicamente e preso diversas vezes em sua vida por resistir ao racismo. Viveu 13 anos em exílio durante a ditadura militar no Brasil. Voltou ao País e foi o primeiro parlamentar negro da Câmara dos Deputados. Foi Senador da |República. Autor de vários livros, fundou o Ipeafro. 

 

Ipeafro participa do lançamento do projeto Pedagogias das Africanidades

Na manhã deste 14 de março de 2023, Elisa Larkin Nascimento, co-fundadora do Ipeafro e atual diretora participou do lançamento do projeto Pedagogias das Africanidades, no bairro de Restinga Velha, em Porto Alegre. Na ocasião, Larkin Nascimento compartilhou histórias sobre Abdias Nascimento que, se vivo fosse, completaria 109 anos hoje, e fez uma doação de livros para o Ponto de Cultura Africanidades, organização que realizou o evento. 

 

Entrevista de Elisa Larkin Nascimento e Keyna Eleison para a Rádio BBC

Quem entende inglês, não perca essa entrevista comigo e com a primeira mulher negra diretora artística do MAM-Rio, Keyna Eleison, na rádio BBC.  O programa faz um panorama da situação política brasileira e entrevista Keyna Eleison, co-diretora artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Elisa Larkin Nascimento, ativista e colaboradora de Abdias Nascimento, que trata da exposição de Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra no Inhotim. 

Ouça em: https://www.bbc.co.uk/programmes/w3ct37sl

Coluna Ipeafro no Pensar Africanamente saúda a nossa ancestralidade

Coluna IPEAFRO está de volta no canal Pensar Africanamente. Em pauta: um diálogo sobre o Nosso Sagrado, aquele onde a Tradição dos Orixás, praticada nas casas religiosas de matriz africana, exerce um papel para além do campo religioso atuando junto à sociedade civil na defesa da cidadania, das minorias, na luta antirracista e contra todas as formas de desigualdades. È dia 07 de março, às 19h30, ao vivo pelo canal YouTube ou pelo Facebook Pensar Africanamente. Link direto: https://www.youtube.com/watch?v=w1dvGZbAxqc.  Sorteio de dois exemplares do livro O Tradição dos Orixás, org. de Edlaine de Campos Gomes e Luis Cláudio de Oliveira. Ipeafro / Mar de Ideias, 2019.

Participantes:

Iya Sandrali Bueno
Iyalorixá, Psicóloga. Especialista em Criminologia. Servidora Publica. Ativista em Direitos Humanos. Antirracista. Feminista. Secretaria executiva do Conselho do Povo de Terreiro do Estado do Rio Grande do Sul. Coordenadora Estadual do GT Mulheres de Axé da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (RENAFRO), Nucleo RS. Conselheira do Conselho Municipal do Povo de Terreiro de Pelotas. Coordenadora de Formação do Movimento Negro Unificado/ RS. Integra o Coletivo Político NegrAtividade e idealizadora do Coletivo Antirracista o Melhor de Cada Uma. Autora do livro Pelo direito de ser quem sou: um ser coletivo, Porto Alegre, RS: Zouk, 2022. 

Adaílton Moreira
Aos 56 anos é articulador da campanha #LutoNaLuta, contra o racismo e os crimes de racismo religioso / intolerância religiosa. Babá Adailton Moreira é Coordenador Nacional de Homens de Axé da RENAFRO-RJ. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPED) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tendo defendido em 2018 a dissertação “Infância nas Redes Educativas de Iemanjá no Ilê Omiojuarô”.  Recebeu a medalha de Mérito Pedro Ernesto da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, das mãos da vereadora Marielle Franco, em novembro de 2017. Em abril de 2018 recebeu o Prêmio Culturas Populares do MINC – Edição Leandro Gomes de Barros, in memoriam de sua mãe biológica, Mãe Beata de Yemonjá. Babá Adailton segue mantendo o legado de sua mãe à frente do espaço sagrado construído por Mãe Beata, a Comunidade de Terreiro Ilê Omiojuarô, localizada em Miguel Couto, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro.

Elisa Larkin Nascimento, autora do texto que abre o livro sorteado, é mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova York (EUA) e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), e foi parceira de Abdias Nascimento durante os últimos 38 anos de sua vida. Juntos fundaram, em 1981, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO). Elisa conceituou o fórum Educação Afirmativa Sankofa e escreveu diversos livros, entre eles O Sortilégio da Cor; os quatro volumes da coleção Sankofa; Adinkra, Sabedoria em Símbolos Africanos e Abdias Nascimento, A Luta na Política. É curadora do Museu de Arte Negra online e participa da curadoria da exposição Abdias Nascimento e Museu de Arte Negra, realizada em parceria do Ipeafro com o Inhotim (2021-23). 

Performance de Milsoul Santos. Autor dos livros Pássaro preto e Amor sem miséria, milita politicamente através da arte.

Sorteio: Para participar do sorteio você precisa ter uma conta no Instagram. Até às 21h do dia do sorteio, você vai fazer o seguinte:

(1) Compartilhe este evento no seu Stories, mencione e siga: @ipeafro @pensar.africanamente 

(2) Faça um comentário e marque dois amigos

ATENÇÃO: não é permitido marcar contas fakes. Lembre-se: O prazo é até as 21h do dia do evento. Boa sorte!!!

“Abdias Vive!” leva cultura afro-brasileira à Casa de Cultura Mario Quintana

Porto Alegre, março de 2023 – Como parte da Agenda 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo, parte das atividades do Março Por Marielle e Anderson e em comemoração ao aniversário de nascimento do professor e ativista Abdias Nascimento, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), realiza, em Porto Alegre, no dia 14 de março, às 19h, na Casa de Cultura Mario Quintana, o evento “Abdias Vive!”, com lançamento de dois livros fundamentais para a memória do protagonismo negro na constituição deste país: o clássico do Teatro Negro Brasileiro, ‘Sortilégio’, de Abdias Nascimento, e ‘Abdias Nascimento, a Luta na Política’, de Elisa Larkin Nascimento, diretora do Ipeafro. O encontro reunirá intelectualidades brasileiras e vai contar com uma performance artística sobre as obras lançadas. A produção do evento, o roteiro e a direção artística são do premiado teatrólogo Ângelo Flávio Zuhalê, que também vai participar de uma roda de conversa sobre os livros com o diretor teatral e gestor cultural Jessé Oliveira e com Elisa Larkin Nascimento. Além disso, o evento terá uma sessão de autógrafos e confraternização com o público. A entrada é gratuita.

‘Sortilégio’, de Abdias Nascimento, e ‘Abdias Nascimento, a Luta na Política’, de Elisa Larkin Nascimento, cientista social e companheira de Abdias durante os últimos 38 anos de sua vida, são publicações da Editora Perspectiva, em parceria com o IPEAFRO. Os dois volumes abordam as dinâmicas entre arte e política na vida e obra de Abdias Nascimento. Escrito em 1951, lançado em 1959, revisto em 1978 e atualizado em 2022, ‘Sortilégio’ corrobora a atualidade do pensamento do autor, cuja criação passou do moderno ao contemporâneo. Já ‘Abdias Nascimento, a Luta na Política’ focaliza seus mandatos parlamentares e resgata a história do Memorial Zumbi, articulação nacional
em torno da recuperação das terras da República de Palmares, que desembocou na criação da Fundação Cultural Palmares. Para Abdias, a arte foi um meio para enfrentar a urgente questão política das condições de vida das populações negras no Brasil e no mundo. “Nosso Teatro seria um laboratório de experimentação cultural e artística, cujo trabalho, ação e produção explícita e claramente enfrentavam a supremacia cultural elitista-arianizante das classes dominantes”, escreveu Abdias Nascimento em ´O Quilombismo´ (2019; pág 92-93), uma de suas principais obras que retrata esse olhar do futuro em nosso presente.

Abdias Nascimento foi uma das lideranças negras precursoras na política nacional, tanto na Câmara e quanto no Senado.  A obra ‘Abdias Nascimento, a Luta na Política’ traz a participação de quatro parlamentares que dão continuidade ao legado de Nascimento e registraram na publicação sua admiração por sua trajetória. Atualmente Deputada Federal e tendo sido a 59ª Governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva tem suas memórias registradas na obra, em entrevista feita por Elisa Larkin Nascimento. Outra precursora negra na política, tendo sido a primeira Deputada Estadual transgênero eleita em São Paulo, Érica Malunguinho apresenta o texto ‘Abdias Nascimento e nós: relato de heranças seculares’. Já a Deputada Federal Talíria Petrone escreveu o texto intitulado ‘Abdias griot da luta negra no Brasil, seu legado está vivo’. Por fim, o Senador da República Paulo Paim, do Rio Grande do Sul, participa da obra com a poesia ‘Abdias’, na qual relata sua relação de admiração por Abdias Nascimento: “Impossível descrever toda a admiração que tenho por essa figura exemplar e na qual muitas vezes procuro espelhar-me na busca para proporcionar mais justiça social para as classes menos favorecidas deste País; em especial afrodescendentes, aos quais o País tanto deve pelas vicissitudes às quais os submeteu, principalmente durante o Brasil-Colônia e Império, e pelas diferenças ainda hoje observadas na sociedade, que os impedem de integrar-se totalmente e ascender aos postos cujo direito não lhes pode ser negado”. 

Em continuidade ao tour de lançamento dos livros iniciado em 2022, que passou pelo Terreiro Contemporâneo, reduto das artes negras no Rio de Janeiro, e pelo Aparelha Luzia, centro cultural e quilombo urbano de São Paulo, a programação de lançamento em Porto Alegre vai contar com uma performance artística sobre as obras lançadas.

O SIMBOLISMO DO 14 DE MARÇO
O quatorze de março une três personalidades negras que entraram para a história. Em 1914, nasceram Abdias Nascimento e a escritora Carolina Maria de Jesus. Neste mesmo dia, em 2018, foram assassinados a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes. O Ipeafro realizava uma série de atividades no âmbito do Fórum Social Mundial, em Salvador (BA), em torno do lançamento, no aniversário do autor, da nova edição do livro ‘O Genocídio do Negro Brasileiro’ quando recebeu a notícia do assassinato da vereadora.

“Uma liderança com aquela dimensão, assassinada no dia do nascimento de dois ancestrais tão significativos – parecia que o universo nos chamava para pensar sobre vida, morte e continuidade da luta. Então, no ano posterior, em parceria com a Redes da Maré, Criola, FOPIR e 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo e, com o apoio do Itaú Cultural, realizamos a exposição “Abdias Nascimento, a Arte de um Guerreiro” no Centro de Artes da Maré, na favela da Nova Holanda, Complexo da Maré, território onde Marielle nasceu e foi criada. A exposição ficou aberta de 14 de
março a 14 de junho de 2019. Desde então, o Ipeafro vem intensificando as ações de memória e valorização do legado dessas três importantes personalidades”, relembra Elisa Larkin.

Desde 2009, o dia 14 de março é Dia do Ativista por lei estadual no Rio de Janeiro, em homenagem a Abdias Nascimento. Em 2018, o mesmo dia foi instituído como Dia Marielle Franco de Luta contra o Genocídio das Mulheres Negras. Em 2023, completam-se cinco anos sem respostas sobre quem mandou matar Marielle. Mesmo com trajetórias distintas, Abdias Nascimento, Carolina Maria de Jesus e Marielle Franco nos inspiram a refletir sobre a situação do país e das condições ainda impostas à população negra. Com suas obras e legados, que ultrapassam o corpo físico, essas personalidades denunciaram o racismo brasileiro ao mundo e dedicaram suas vidas a resistir contra ele, ao lado de toda a população negra e seus aliados.

SERVIÇO

Local: Casa de Cultura Mario Quintana – Teatro Carlos Carvalho
Endereço: Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre – RS, 90020-004
Data: 14 de março de 2023
Horário: 19h
Entrada gratuita

Programação:
19h – Recepção ao público
19h30 – Performance artística sobre as obras lançadas
20h – Mesa de apresentação dos livros, com Ângelo Flávio Zuhalê, Jessé Oliveira e Elisa Larkin Nascimento
21h – Sessão de autógrafos e confraternização

A livraria Taverna informa que o preço de venda dos livros será o preço de capa:
Abdias Nascimento – a Luta na Política, R$ 59,90
Sortilégio – Mistério Negro, R$ 44,90
Pagamento: todos as bandeiras de cartões de crédito e débito, pix e dinheiro. Parcelamento nas compras acima de R$ 100 reais.

SINOPSES DOS LIVROS
1. SORTILÉGIO
Incrível a atualidade desse clássico do teatro negro brasileiro. A cada vez que nos deparamos com um texto de Abdias Nascimento, salta aos olhos o frescor, a pertinência e a contundência de sua prosa ou poesia, de seus diálogos, de sua força, de sua capacidade como orador. Sortilégio escancara a brutalidade do racismo no Brasil, denuncia a farsa da democracia racial e ainda ilumina e se abre para uma poderosa cultura brasileira de matriz africana. Esta edição
marca o estabelecimento do texto definitivo da peça, musicado por Nei Lopes, e traz análise de Elisa Larkin Nascimento sobre as encruzilhadas e os diálogos que a obra provoca entre o masculino e feminino, o moderno e o contemporâneo. Em texto do diretor, produtor e gestor cultural Jessé Oliveira, o livro traz à cena os realizadores atuais de teatro negro, complementado por entrevistas com Léa Garcia, atriz protagonista da montagem de estreia em 1957, e Ângelo Flávio Zuhalê, diretor da montagem de 2014, centenário de Abdias Nascimento.

FICHA TÉCNICA
Autor: Abdias Nascimento
Apresentação e Prefácio: Elisa Larkin Nascimento
Participação: Léa Garcia, Jessé Oliveira e Ângelo Flávio Zuhalê
Assunto: Teatro / Dramaturgia
Coleção: Paralelos
Formato: Brochura
Dimensões: 14 x 21 cm
160 páginas
ISBN 9786555051087
E-book: 9786555051094
Lançamento: 27/05/2022

2. ABDIAS NASCIMENTO, A LUTA NA POLÍTICA
Abdias Nascimento foi uma das mais importantes e brilhantes lideranças do Brasil, dedicando-se intensamente ao enfrentamento do racismo e à promoção do legado cultural afro-brasileiro. Escritor, artista plástico, dramaturgo, deixou um legado cultural incontornável através do TEN, Teatro Experimental do Negro, das pinturas que realçam sua ligação com a cultura africana e dos livros que denunciam o racismo e a violência das relações étnico raciais no Brasil. Na década de 1980, ele se dedicou à política institucional do Congresso Nacional, onde acreditava ser necessário pôr em pauta as questões raciais e implementar políticas públicas de reparação. Muito do debate atual e das políticas públicas inauguradas no país, nós devemos à sua atuação parlamentar, que é o objeto deste livro.

FICHA TÉCNICA
Autora: Elisa Larkin Nascimento
Coleção: Debates
Assunto: Política
Formato: Brochura
Dimensões: 11,5 x 20,5 cm
240 páginas
ISBN 9786555050806
E-book 9786555050813
Preço E-book: R$ 34,90
Lançamento: 29/11/2021

PARTICIPANTES DA RODA DE CONVERSA

Sobre Elisa Larkin Nascimento
É mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova York (EUA) e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Foi parceira de Abdias Nascimento. Juntos fundaram o IPEAFRO, em 1981. Elisa conceituou o fórum Educação Afirmativa Sankofa e escreveu diversos livros, entre eles O Sortilégio da Cor; os quatro volumes da coleção Sankofa; Adinkra, Sabedoria em Símbolos Africanos e Abdias Nascimento, A Luta na Política. É curadora do Museu de Arte Negra virtual do IPEAFRO e participa da curadoria da exposição Abdias Nascimento e Museu de Arte Negra, realizada em parceria com o Inhotim (2021-24).

Sobre Ângelo Flávio Zuhalê
É ator, diretor, produtor, iluminador, dramaturgo, roteirista, preparador de elenco e repórter. Bacharel em Artes Cênicas com habilitação em Direção Teatral formado pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (2006). Artista premiado e polivalente, ele fundou a primeira companhia de teatro negro em território acadêmico do Brasil, a Cia Teatral Abdias Nascimento na UFBA (2002). Paralelo à sua carreira profissional, Ângelo Flávio é um ativista que luta em defesa das causas sociais, temas sempre recorrentes em suas premiadas montagens. É pesquisador do teatro negro, com palestras em diversas universidades do país e um dos entrevistados do livro ‘Sortilégio’, ao lado de Léa Garcia e Jessé Oliveira.

Sobre Jessé Oliveira
É gestor cultural, autor e diretor de teatro, e mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fundador do grupo Caixa-Preta, de Porto Alegre, ele dirigiu mais de 40 espetáculos, apresentados em todo o Brasil e na América Latina. Dirigiu Das Pferd des Heiligen na Alemanha, com texto de Viviane Juguero e argumento do diretor. Recebeu o Prêmio Florêncio de Melhor Espetáculo Estrangeiro no Uruguai, por ‘Hamlet Sincrético’. Tem livros publicados nos campos do teatro de rua e teatro negro. Dirigiu a Casa de Cultura Mario Quintana, e atualmente é Coordenador de Artes Cênicas de Porto Alegre.

Sobre o IPEAFRO
O IPEAFRO é uma instituição sem fins lucrativos que se dedica ao trabalho de preservação e difusão do acervo museológico e documental de Abdias Nascimento e das organizações que ele criou. Esse trabalho dá suporte à sua missão mais ampla de desenvolver ações de caráter educativo centradas no conhecimento e na valorização da história e cultura africanas e afro-brasileiras.

Sobre a Casa de Cultura Mario Quintana
A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) é uma instituição vinculada à Secretaria do Estado da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac). Inaugurada em 1990, hoje é considerada um dos maiores centros culturais do Brasil, promovendo programações diversas em diferentes segmentos artísticos, como cinema, artes visuais, artes cênicas, música e dança. A Casa de Cultura Mario Quintana também sedia instituições culturais como o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), a Cinemateca Paulo Amorim, o Centro de Desenvolvimento e Expressão (CDE), o Instituto Estadual de Cinema (IECINE), Instituto estadual de Artes Cênicas (IEACEN), Instituto Estadual de Música (IEM) e Instituto Estadual de Artes Visuais (IEAVi).

Sobre 21 Dias de Ativismo Contra o Racismo
A campanha “21 Dias de Ativismo Contra o Racismo!” é uma série de eventos organizados de forma coletiva pela passagem do dia 21 de março – Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU). A data faz alusão à manifestação pacífica feita pelas populações negras da África do Sul contra a Lei do Passe, que ditava por onde pessoas negras poderiam circular pela cidade, policiais do Regime do Apartheid reagiram de forma agressiva matando 69 manifestantes e ferindo outros 186. Esse ataque, em 21 de março de 1960, ficou conhecido como o “Massacre de Sharpeville”.

Sobre o Março Por Marielle e Anderson
Neste 14 de março completam 5 anos da morte de Marielle e Anderson, um crime que assustou e causou comoção e revolta em todo o país. Em diversas cidades do mundo, o caso tem gerado grandes manifestações por justiça e pelo avanço das investigações: “Quem mandou matar Marielle e por quê?”. Até hoje a pergunta permanece sem respostas. Funcionando desde 2019, o Instituto foi criado pela família de Marielle para “inspirar, conectar e potencializar mulheres negras, LGBTQIA+ e periféricas a seguirem movendo as estruturas da sociedade por um mundo mais justo e igualitário”. Em todo o Brasil e em várias partes fora do país são esperados atos, performances, rodas de conversa,
intervenções e outras agendas por justiça a Marielle e Anderson.

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Documentário “Rio, Negro” estreia no Rio e em São Paulo

Atila e Juliana França se apresentam com a bandeira inspirada na pintura Okê Oxossi, de Abdias Nascimento. Crédito: Caco Fernandes

Nesta quinta, 2/03, em salas de cinema do Rio de Janeiro e São Paulo, estreia o documentário “Rio, Negro”, que traz um olhar possível para a história do Rio (e do Brasil) assentado na contribuição das populações de origem africana. O documentário tem direção e roteiro de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa e produção da Quiprocó Filmes em parceria com a Casa Fluminense. 

A partir de entrevistas e material de arquivo, a narrativa busca desvelar como a população negra forjou trajetórias e laços comunitários em uma cidade-diáspora marcada pelas disputas em torno do projeto “civilizatório” das elites brancas. O filme confere centralidade a esse debate, articulando o ideário racista, a transferência da capital para Brasília e suas consequências político-institucionais para o Rio de Janeiro. 

“Imperdível! O filme traz um olhar sério e aprofundado sobre o Rio, que é negro. A história mostra que Abdias Nascimento e outros intelectuais e ativistas não exageravam ao insistir, lá atrás quando quase ninguém os ouvia, que falar na tal ‘contribuição’ ou nos tais ‘aportes’ do negro à cultura brasileira é uma balela. Não existe cultura brasileira sem a população negra e sua ancestralidade”, conta Elisa Larkin Nascimento, fundadora do Ipeafro, autora e viúva de Abdias Nascimento. Elisa e Clícea Maria Miranda, professora e coordenadora de pesquisa do Ipeafro, recebeu de integrantes do filme a bandeira feita pela produção, inspirada na pintura Okê Oxossi (1970), de Abdias Nascimento. O item catalogado passa a integrar a coleção Abdias Nascimento | Museu de Arte Negra-Ipeafro. 

A equipe do filme faz a entrega oficial da bandeira inspirada na pintura Okê Oxossi, de Abdias Nascimento, ao Ipeafro. Crédito: Caco Fernandes

 

Okê Aro!

No Rio, o filme está em cartaz no Espaço Itaú de Cinema, em Botafogo!

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