Eduardo de Oliveira

Nascido em São Paulo em 1926, Eduardo de Oliveira foi professor, poeta e político. Ativista e defensor dos direitos humanos, ele foi o primeiro vereador negro da cidade de São Paulo, além de fundador e presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB).

Eduardo de Oliveira participou dos primórdios da fundação do Ipeafro. Colaborou com as revistas Afrodiáspora Thoth.

Autor de nove livros, Eduardo de Oliveira escreveu o Hino à Negritude, composição que em 2009 foi oficializada em todo o território nacional, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados.

A edição número 6 e 7 da Revista Afrodiáspora traz um artigo de Ironides Rodrigues sobre a obra de Eduardo de Oliveira. Para Ironides Rodrigues a poesia de Eduardo de Oliveira.

É uma poesia que vem lá do fundo da alma negra, no que tem de mais dilacerante, dolorida e antes de tudo, humana e emotiva. Existem nestes cantos que parecem compostos para serem declamados pelos troveiros e rapsôdos populares da minha África, os griôs que recitavam ao som do balafon, para que a memória coletiva os fosse perpetuando, pelos séculos afora.

Eduardo de Oliveira faleceu em 12 de julho de 2012, aos 85 anos.

Hino à Negritude

(Eduardo de Oliveira)

Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez

Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)