No dia 13 de maio de 2018, quando Lima Barreto faria 137 anos, o IPEAFRO teve a honra de presenciar, na pessoa de sua diretora Elisa Larkin Nascimento, o espetáculo “Traga-me a cabeça de Lima Barreto” em uma edição especial em homenagem ao escritor. A peça já é especial pelo grande impacto de seu tema: a presença viva da eugenia, expressão maior do racismo, no desenvolvimento da sociedade brasileira. Inscrita na Constituição de 1934, a eugenia determinava políticas públicas francamente racistas cuja memória foi praticamente abolida do imaginário nacional. No espetáculo, Lima Barreto enfrenta os eugenistas, reunidos em congresso, que buscam entender como um ser “degenerado” poderia produzir um corpo literário da grandeza do conjunto da obra desse autor negro. A figura de Lima Barreto ainda vem sendo resgatada do esquecimento histórico que o jornal Quilombo registrou em sua primeira edição, com uma crítica do livro Clara dos Anjos em que o autor da matéria, Francisco de Assis Barbosa, afirma que o romance “foi publicado há mais de 20 anos e dele nunca mais se falou, permanecendo todo esse tempo inexplicavelmente esquecido”.
Um monólogo teatral com interpretação de Hilton Cobra, autoria de Luiz Marfuz e direção de Fernanda Júlia, reúne trechos de memórias impressas na obra literária de Lima Barreto (1881 – 1922), especialmente em Diário Íntimo e Cemitério dos vivos, entrecruzados com livre imaginação. O texto fictício tem início logo após a morte de Lima Barreto, quando eugenistas exigem a exumação do seu cadáver para uma autópsia a fim de esclarecer “como um cérebro inferior poderia ter produzido tantas obras literárias – romances, crônicas, contos, ensaios e outros alfarrábios – se o privilégio da arte nobre e da boa escrita é das raças superiores?”. A partir desse embate com os eugenistas, a peça mostra as várias facetas da personalidade e da genialidade de Lima Barreto, sua vida, família, a loucura, o alcoolismo, sua convivência com a pobreza, sua obra não reconhecida, racismo, suas lembranças e tristezas. (Informações da Cia dos Comuns).
Traga-me a cabeça de Lima Barreto vem sendo apresentado em vários estados e municípios do Brasil, inclusive no Theatro São Pedro, de Porto Alegre, e no Teatro Castro Alves, de Salvador. No Rio, além do SESC Copacabana e do Teatro Gláucio Gil, foi apresentado em sessão especial para os alunos do Colégio Pedro II.