O Ipeafro, como seu criador Abdias Nascimento, se dedica à missão de recuperar a dignidade humana dos povos africanos, que em tempos antigos saíram soberanos de sua terra, levando cultura e conhecimento à Ásia, à Europa e às Américas. Os elos de suas vidas foram rompidos apenas em tempos recentes de dispersão e opróbrio durante o episódio da escravização.
O momento atual é de reunir pedaços e restabelecer conexões. Africanos espalhados pelo mundo se reconhecem herdeiros de uma civilização que engendrou a escrita, a astronomia, a matemática, a engenharia, a medicina, a filosofia e o teatro. O conhecimento e o desenvolvimento permeiam a história da África, em sistemas de escrita, avanços tecnológicos, estados políticos organizados, tradições epistemológicas.
Uma dessas tradições é o adinkra, conjunto de símbolos que representam ideias expressas em provérbios. O adinkra, dos povos acã da África ocidental (notadamente os asante de Gana), é um entre vários sistemas de escrita africanos, fato que contraria a noção de que o conhecimento africano se resuma apenas à oralidade. Na verdade, a grafia nasce na África com os hieróglifos egípcios e seus antecessores. Diversos outros sistemas de escrita percorrem a história africana em todo o continente.
Além da representação grafada, os símbolos adinkra são estampados em tecidos e adereços, esculpidos em madeira ou em peças de ferro para pesar ouro. Muitas vezes eles são associados com a realeza, identificando linhagens ou soberanos. O gwa, ou assento real, um banco esculpido, representa a soberania da nação asante. Em muitos casos a imagem esculpida no gwa é a de um adinkra. Assim, o conceito de escrita expande-se para além da noção ocidental restrita apenas à letra grafada.
Veja os símbolos na galeria de adinkra.