Espetáculo sobre Carolina Maria de Jesus chega a Ipanema, no Rio

Andréia Ribeiro interpreta Carolina Maria de Jesus no Teatro. A atriz também foi responsável por obter os direitos autorais junto à família da homenageada. Crédito: divulgação Laura Alvim

Com apenas dois anos de escolaridade, a escritora Carolina Maria de Jesus tornou-se reconhecida internacionalmente por “Quarto de Despejo”, um diário no qual narrou a rotina em uma comunidade de São Paulo. Agora, sua vida é apresentada no Teatro Laura Alvim, em Ipanema, no Rio de Janeiro, até o dia 13 de maio, de sexta a domingo. Ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pela internet, nos valores de R$ 40 e 20 (meia entrada e idosos). 

A peça leva aos palcos uma adaptação que mescla”Quarto do Despejo” e Diário de Bitita, também escrito por Carolina, porém, publicado cinco anos após a sua morte. Este outro título é autobiográfico e narra a trajetória, ainda na infância, batalhando por sua sobrevivência. Nascida em 1914, mesmo ano de nascimento de Abdias Nascimento (1914-2011), Carolina Maria de Jesus teve uma infância miserável na qual foi bastante explorada. Logo nos primeiros anos de sua vida, foi obrigada a viver como pedinte para sobreviver.

Matriculada em uma escola apenas por dois anos, nesse breve experiência Carolina aprendeu a ler e após a morte de sua mãe, mudou-se para a favela do Canindé, em São Paulo. Lá, construiu sua casa sozinha para dar conta dos três filhos. E nesta casa simples, paupérrima, escrevia suas obras primas tendo como objeto o seu duro cotidiano, com relatos impressionantes sobre a fome, por exemplo. 

Durante uma reportagem próximo à casa de Carolina Maria de Jesus, o jornalista Audálio Dantas leu os escritos e viu uma obra de arte diante de suas mãos. Nesse contexto, “Quarto do Desejo” foi lançado, trazendo ao público as inscrições de um dos cadernos da autora, e imediatamente alcançou grande êxito: somente no Brasil, foram vendidas 100 mil cópias. O título alçou a escritora ao cenário internacional, sendo traduzido em 13 idiomas, comercializaddo em 40 países e resultaram em artigos no Le Monde (França), New York Times e outros. 

Em 1977, Carolina se juntou aos nossos ancestrais, quando vivia em uma casa simples, de alvenaria, dora da favela do Canindé. Após seu falecimento, continua sendo reconhecida pelo mundo: foi incluída na Antologia de Escritoras Negras, publicada em Nova Iorque, e no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, lançado em Lisboa.

Carolina fora reconhecida tardiamente. Por que? Conceição Evaristo, também escritora, dá uma pista: em entrevista à Carta Capital, Evaristo atribui a invisibilidade e a falta de oportunidade de nossa gente ao racismo institucional. No caso das duas escritoras, na área da literatura. Até quando? 

* Com informações do Jornal VIA, de distribuição gratuita.

SERVIÇO

Local: Casa de Cultura Laura Alvim – Espaço Rogério Cardoso
Endereço: Avenida Vieira Souto, Nº 176 – Ipanema.
Telefone: (21) 2332-2016
Sessões: Sextas e sábados às 20h; domingos às 19h
Período: 20/04 a 13/05
Direção: Não informado
Texto: Adaptação dos textos ’Quarto de Despejo’’ e “Diário de Bitita’’ de Carolina Maria de Jesus
Classificação: 14 anos
Entrada: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia)
Funcionamento da bilheteria: Terça a sexta de 16h a 21h; sábado de 15h a 21h; domingo e feriados de 15h a 20h
Gênero: Drama
Capacidade: 245 lugares
Sinopse: A peça é uma adaptação das obras ‘’Quarto de Despejo’’ e “Diário de Bitita’’, ambas da escritora mineira Carolina Maria de Jesus. A encenação segue o fluxo de memória de Carolina, refazendo sua trajetória da infância miserável em Sacramento, no interior de Minas, quando a chamavam de Bitita, até o lançamento do seu primeiro livro – com enorme sucesso. Uma história surpreendente e inspiradora. A menina que estudou apenas dois anos do primário virou uma grande escritora.