O espetáculo “Luiz Gama: Uma Voz Pela Liberdade”, com Deo Garcez e Nívia Helen, está em cartaz no Teatro do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) até 3 de junho de 2018, com apresentações nas sextas, sábados e domingos às 19h. Sob a direção de Ricardo Torres e com dramaturgia de Garcez, a peça reúne diversos textos do poeta e abolicionista.
Nascida no bojo da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil (CEVENB) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), a iniciativa tem o apoio da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (CAARJ). A produção é de Alan de Jesus e Márcio Seixas.
“A peça nos brinda com uma bela seleção de falas do próprio Luiz Gama. O poema satírico ‘A Bodorrada é um clássico depoimento sobre a hipocrisia da elite política da época, que além das atitudes de falsa superioridade de classe se recusava a reconhecer a sua própria negritude. O poema lírico que Luiz Gama dedica à sua mãe, Luisa Mahin, tem uma beleza lírica do tamanha de sua consciência negra. Abdias Nascimento costuma sempre citar estes dois textos. Além disso, os discursos abolicionistas de Luiz Gama soam hoje com o mesmo impacto de força moral e literária como em seu tempo. A peça não fica aí: traz de forma eficaz a atualidade dessa situação nos dias de hoje que testemunham o assassinato de Marielle Franco e os retrocessos nos direitos humanos e sociais. Parabéns a Deo Garcez e sua equipe pela grande realização”, afirma Elisa Larkin Nascimento, diretora do IPEAFRO, que compareceu à estreia no CCJF em 11 de maio de 2018.
- Nívia Helen, Elisa Larkin Nascimento e Deo Garcez
- Ricardo Torres, Deo Garcez, Elisa Larkin Nascimento e Nívia Helen
Por iniciativa da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra (CNVENB), a OAB outorgou em 2015 a Luiz Gama (1830-1882) o título de advogado, já que, por ser negro, não lhe foi permitido frequentar formalmente o curso de Direito. Em 1869, Luiz Gama conseguiu autorização para advogar em primeira instância como *rábula. Sua principal área de atuação era nos processos de libertação de negros e negras escravizados. Estima-se que Luiz Gama tenha atuado em cerca de mil casos.
ACERVO IPEAFRO (memória)
Há 69 anos, em 9 de maio de 1949, a edição 2 do jornal Quilombo, fundado pelo jornalista Abdias Nascimento, publicou perfil de Luiz Gama em suas páginas. O registro histórico ganhou destaque na edição, com chamada de capa e foto ilustrativa de Gama, ocupando também um trecho da segunda página do jornal. “Luiz Gama, Herói e Santo da Abolição” decretaram no título da matéria os editores de Quilombo. Leia esta e outras edições históricas de Quilombo em nosso site: IPEAFRO.
* Rábula ou Provisionado, no Brasil, era o título de alguém que, não possuindo – ou impedido de possuir, como no caso de Luiz Gama – formação acadêmica em Direito (bacharelado), obtinha a autorização da entidade de classe (primeiro do Instituto dos Advogados; a partir da década de 30 da OAB) para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo.
SERVIÇO
Local: Centro Cultural Justiça Federal
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro/ RJ
Tel: (21) 3261-2550
Ingresso: R$ 30 (inteira), R$ 20 (OAB e CAARJ) e R$ 15 (meia-entrada)