Salve Emanoel Araújo! Escultor, artista plástico e criador do Museu Afro Brasil

Imagem: reprodução do Instagram

Há sete dias, em 7 de setembro de 2022, o Brasil perdia um de seus mais importantes pensadores da arte: Emanoel Araújo. Escultor, artista plástico e curador , “Emanoel Araújo sempre foi um patriota que elevou e divulgou o Brasil e a cultura do nosso país” informa a nota publicada pelo Museu Afro Brasil, organização sediada em São Paulo, fundada pelo artista. Baiano de Santo Amaro da Purificação, Emanoel Araújo nasceu em 1940. 

Filho de uma família tradicional de ourives – um metalúrgico especializado em trabalhar ouro e outros metais preciosos –  aprendeu marcenaria e estudou composição gráfica na Imprensa Oficial de sua terra natal. Em 1960 mudou-se para Salvador ingressando na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde especializou-se no estudo da gravura. Em 1966 recebeu o primeiro prêmio nacional em reconhecimento a sua obra, por sua participação na II Exposição Jovem Gravura Nacional no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.

Sua carreira foi permeada por honrarias: medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de  Florença, Itália (1972); melhor gravador (1972) e melhor escultor (1973) segundo a Associação Paulista de Críticos de  Arte (APCA); prêmio “Cicillo  Matarazzo”  pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) (1998 e 2007); prêmio Clarival do Prado Valladares e Medalha Zumbi dos Palmares pela Câmara Municipal de Salvador (2020); e medalha Tarsila do Amaral pelo Governo do Estado de São Paulo (2021). Teve cerca de 50 exposições individuais organizadas e participou de mais de 150 mostras coletivas em galerias e museus ao redor do mundo.

Emanoel Araújo, Mulher com frutas na cabeça,1966. Coleção Abdias Nascimento | Museu de Arte Negra | IPEAFRO

Uma dessas exposições onde é possível observar de perto o trabalho de Araújo está em andamento até 2023 no Inhotim, numa parceria do IPEAFRO com o museu localizado em Brumadinho, Minas Gerais. O trabalho de Emanoel Araújo em xilogravura, Mulher com frutas na cabeça (foto), de 1966, integrante da coleção Abdias Nascimento | Museu de Arte Negra | IPEAFRO se junta a dezenas de outros trabalhos artísticos e a uma centena de documentos e fotos para homenagear o legado de outro pensador destacado das artes no Brasil: Abdias Nascimento e o seu projeto de museu, o Museu de Arte Negra, fundado em 1950 e que se tornou uma referência para toda uma geração. 

De alguma forma, o Museu Afro Brasil, em São Paulo, instituição que reúne um acervo de mais de 6 mil obras, entre pinturas, gravuras, esculturas, fotografias e documentos, que revelam a importante contribuição das pessoas negras para a formação cultural do país, é fruto dos esforços pioneiros do projeto Museu de Arte Negra. À frente do Museu Afro Brasil, entre outras realizações, Emanoel Araújo levou adiante uma tradição de construção museológica que priorizou o saber de matrizes afrodiaspóricas com  exposições destacadas que já fazem parte da história da arte no Brasil.

Entre elas, a exposição “África Africans”, que recebeu o prêmio de melhor exposição de 2015 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA). Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido no dia 18 de dezembro de 2017, Emanoel contou um pouco de sua trajetória pessoal e profissional e apresentou a missão institucional do Museu Afro Brasil: tratar “o afrodescendente, africano e negros na 1° pessoa. O museu foi todo pensado na arte, na história e na memória”.  Araújo nos representa! Salve o mestre!

A entrevista na íntegra pode ser assistida abaixo.

Fonte: Museu Afro Brasil e TV Cultura
Foto: Secretaria da Cultura de São Paulo / Reprodução