Charles Martin e AD Junior no IPEAFRO. Foto: Julio Menezes Silva
Tem dias que os astros se movem em prol dos bons encontros e promovem momentos únicos. Foi o que aconteceu na tarde desta terça-feira, 30 de julho de 2019, quando personalidades com destaque em suas áreas de atuação profissional, relevantes serviços prestados ao combate ao racismo e à discussão das relações raciais visitaram este quilombo chamado IPEAFRO. Certamente nosso fundador Abdias Nascimento gostou do que viu, esteja ele onde estiver.
AD Junior, mineiro de Juiz de Fora, comunicador radicado há 13 anos na Alemanha chegou vestindo o manto sagrado do time da segunda divisão do futebol alemão, o Club Sankt Pauli, fundado em 1910 na cidade de Hamburgo. Não à toa AD Junior carregava no peito aquele escudo: a equipe é conhecida no país do chucrute por defender a causa gay, uma das bandeiras que empunha corajosamente AD Junior em seus discursos nas redes sociais, que a cada dia ganham mais visibilidade e admiradores. A luz conquistada por ele também gera sombra e as ameaças ao seu trabalho, contou-nos AD Junior, se multiplicam à proporção do engajamento dos conteúdos produzidos por ele nas redes sociais.
O norte-americano Charles Martin, por sua vez, chegou fazendo o que faz de melhor: fotografando os rostos dos presentes ao encontro. As suas fotos, aliás, são tema de uma exposição na June Kelly Gallery, em Nova Iorque, até o dia 2 de agosto. “Affinity with Brazil” apresenta uma série de registros fotográficos de dezenas de viagens que Chuck tem no currículo, em um processo iniciado ainda nos anos 1980, onde mergulhou na cultura afro-brasileira. Sua relação com o IPEAFRO não é de hoje. Em 1982 foi delegado do 3º Congresso de Cultura Negra das Américas, organizado pelo IPEAFRO. Sua participação no Congresso está registrada na página 81 da revista Afrodiáspora, volume 3, cujo o título é “Johnnycakes e alto-falantes que zumbem”.
Eloa Moraes com a nova edição de “O Quilombismo”, de Abdias Nascimento. Foto: Julio Menezes Silva
A assistente social Eloa Moraes brindou-nos com seu axé de mamãe oxum. Falou-nos de seu trabalho realizado no Centro de Atenção Psicossocial de Paraty (RJ), onde é idealizadora e facilitadora da oficina Afro Sarau, uma espaço de leitura e valorização da cultura afro-brasileira, feita por pessoas pretas, uma estratégia em saúde mental ao enfrentamento do racismo. O trabalho de Eloá é fundamental em um momento em que a conjuntura política nacional incentiva e injeta recursos nas chamadas comunidades terapêuticas, que são geridas por ordens religiosas, e que em muitas vezes imprimem aos pacientes ritos religiosos duvidosos quanto à eficácia no tratamento aos doentes.
AD Junior segura o livro “Amor Sem Miséria” ao lado do autor, Milsoul Santos. A publicação é uma parceria do IPEAFRO com a Ciclo Contínuo Editora. Foto: Julio Menezes Silva
Essas três potências foram ciceroneadas por Elisa Larkin Nascimento, diretora do IPEAFRO, e puderam trocar experiências sobre como ampliar o poder de alcance dos seus discursos e trabalho contra o racismo e à intolerância cada vez mais comum à realidade mundial. Puderam ainda caminhar pelas dependências do IPEAFRO e ver algumas peças de arte do acervo. O poeta e escritor Milsoul Santos e este jornalista que vos escreve também estiveram presentes ao encontro.
Saravá!
Um abraço,
Julio Menezes Silva