Vamos falar de amor? Coluna do IPEAFRO no Pensar Africanamente aborda o tema

“Sendo a Arte um ato de amor, ela implicitamente significa um ato de integração humana e cultural. Um ato praticado rumo a uma civilização continuamente reavaliada, recriada e compartilhada por toda a humanidade”
Abdias Nascimento

Em sua coluna de julho (6/07, às 19h) no canal de youtube Pensar Africanamente, o IPEAFRO traz o tema do amor. Para isso, apresenta o livro Amor Sem Miséria, de Milsoul Santos, no qual o autor cria texturas a partir do cotidiano e das peripécias inusitadas da vida do povo preto. O livro foca no essencial da experiência humana: que é o amor. Para dialogar com essa escrita, o filósofo Renato Noguera, autor do livro Por Que Amamos; a professora Íris Amâncio, escritora e ativista da causa negra; e a professora Elisa Larkin Nascimento, do IPEAFRO. Milsoul Santos fará uma performance de sua poesia Outras Águas de Março.

 

Canal Pensar Africanamente / Terça-feira, 6 de julho, 19h

 

Haverá sorteio de dois exemplares de Amor Sem Miséria, publicação do IPEAFRO em parceria com a Ciclo Contínuo Editorial. Para participar do sorteio você precisa ter uma conta no Instagram. Até as 17h do dia do sorteio, você vai fazer o seguinte:

(1) Compartilhe este evento no seu Stories e mencione @ipeafro @pensar.africanamente e @ciclocontinuoeditorial
(2) Envie uma mensagem pelo direct do @ipeafro com o nome do livro que será sorteado, seguido do seu nome e do seu e-mail.

Sobre os participantes

Íris Amâncio é doutora e pós-doutora em Literatura Comparada e Literaturas Africanas pelas universidades de Coimbra, Federal Fluminense (UFF) e Federal de Minas Gerais. Professora da UFF, ela coordena o laboratório LICAFRO (Letras/UFF/CNPq). Autora de vários títulos, ela se dedica à inovação social por meio da edição de livros junto à Nandyala Editora; e à promoção da bibliodiversidade com a realização de ações continuadas de letramento afroliterário.

Renato Noguera é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor de educação e de filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro), coordenador do o Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin). Autor de vários títulos, ele também é ensaísta, roteirista e dramaturgo.

Milsoul Santos é escrito, atua na poesia preta e coordena a Dinâmica Cultural e o Atendimento à Pesquisa do IPEAFRO. Ele é autor dos livros Pássaro Preto e Amor Sem Miséria.

Elisa Larkin Nascimento é doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo e diretora do IPEAFRO, coordena a organização e difusão do acervo documental e artístico de Abdias Nascimento e das organizações que ele criou. Autora de vários títulos, inclusive O sortilégio da cor, ela organizou a coleção Sankofa (4 volumes).

Exposição coletiva em Nova York traz Abdias Nascimento e o Teatro Experimental do Negro

IPEAFRO_AN_026 Abdias Nascimento, Frontal de um Templo. Acrílico sobre tela, 102 x 153 cm. Búfalo, EUA, 1972

Exposição: Escrito no corpo. 
Curadoria: Keyna Eleison e Victor Gorgulho.
Local: Tanya Bonakdar Gallery, Nova York/EUA.
Data: 25 Junho — 30 Julho, 2021. 

A exposição coletiva “Escrito no Corpo”, realizada por Tanya Bonakdar Gallery e Fortes D’Aloia & Gabriel, na Tanya Bonakdar Gallery, em Nova Iorque, é um desdobramento da pesquisa realizada para a mostra homônima ocorrida na Carpintaria, Rio de Janeiro, em 2020.

A exposição inclui obras de Abdias Nascimento, Agrippina R. Manhattan, Antonio Tarsis, Ayrson Heráclito, Carla Santana, Davi Pontes & Wallace Ferreira, Diambe, Dona Cici, Efrain Almeida, Herbert de Paz, Marcia Falcão, Melissa de Oliveira, Moisés Patrício, Panmela Castro, Paulo Nazareth, Rodrigo Cass e Sonia Gomes.

A curadoria costura as produções de jovens e consagrados artistas brasileiros com o acervo fotográfico do Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado e dirigido por Abdias Nascimento (1914-2011), figura fundamental do pensamento negro no país. “Escrito no Corpo” apresenta parte do acervo fotográfico do TEN como marco e ponto de partida para a discussão de questões relacionadas à raça, identidade e corpo.

Como parte dos preparativos da exposição, Elisa Larkin Nascimento, diretora do IPEAFRO,  participou de uma conversa sobre o Teatro Experimental do Negro e Abdias do Nascimento.
Assista: https://vimeo.com/546575419 

IPEAFRO_AN_072 Abdias Nascimento, Composição n. 1. Acrílico sobre tela, 91 x 61 cm. Búfalo, EUA, 1971

Em uma época em que experiências de injustiça e racismo sistêmico se tornaram áreas cada vez mais urgentes de investigação cultural, esta exposição estabelece um diálogo entre as histórias de raça e representação em ambos os países, enfatizando as especificidades e circunstâncias que tanto as aproximam quanto as diferem do legado multidisciplinar de Abdias  Nascimento,

O legado multidisciplinar de Abdias Nascimento, que se desenrolou nos campo da arte, do ativismo social e político e do meio acadêmico, torna-se evidente na mostra também pela exibição de duas de suas pinturas — Composição n. 1 e Frontal de um templo —, datadas do início da década de 1970 e produzidas em território norte-americano.

Em 1968, quando a ditadura militar esteve em curso no País, o artista viaja aos Estados Unidos — apoiado pela Fundação Fairfield — com o objetivo de realizar um intercâmbio entre os movimentos norte-americano e brasileiro na promoção da cultura e dos direitos civis da população negra. O fechamento do Congresso e a suspensão dos direitos civis e políticos da oposição ao regime impediram o retorno do artista, que ficou exilado nos Estados Unidos. Ele atuou em universidades como a Yale e a Wesleyan, e torna-se professor titular da Universidade do Estado de Nova York em Buffalo, EUA. Aprofundou e desenvolveu sua produção artística na pintura. Para Abdias, a representação visual de signos e divindades ligadas às religiões afrobrasileiras se mostra um poderoso instrumento de comunicação não apenas com seu entorno, em um plano terrestre, como também com realidades extrafísicas, planos espirituais. Abdias retorna ao Brasil somente em 1981.

Abdias Nascimento fundou o Teatro Experimental do Negro (TEN) no Rio de Janeiro em 1944, com o propósito central de reivindicar espaço para pessoas negras no teatro da época. A estratégia inicial de apropriação do teatro como espaço de poder, revela-se um tanto mais tentacular e amplia-se em novas frentes de articulação. O TEN foi pioneiro em organizar, por exemplo, cursos de alfabetização, frentes trabalhistas e até concursos de beleza que enalteciam a cultura negra em uma sociedade profundamente racista, apesar de ainda pautada pelo mito da “democracia racial”.

As atividades do TEN encerraram-se em 1961, mas o pensamento de Abdias continuou a ecoar nas décadas seguintes e até hoje. Escrito no corpo toma como ponto de partida parte do acervo fotográfico do TEN para discutir questões ligadas à raça, identidade e corpo. A dimensão narrativa do corpo aparece em vários trabalhos da mostra, especialmente nas foto-performances de Antonio Tarsis, Ayrson Heráclito e Carla Santana. Através de diferentes abordagens, suas obras partilham a ideia de uma escrita de si através do ato performativo.

A fotografia de Melissa de Oliveira, por sua vez, caminha em via oposta ao arquitetar um olhar sobre o outro, entendendo a fotografia como exercício de alteridade e construção de subjetividade em retratos realizados no Morro do Dendê, um complexo de comunidades na periferia do Rio de Janeiro, onde nasceu e vive. Obras em vídeo também servem de suporte para gestos performáticos, seja na busca por seu próprio reflexo empreendida por Rodrigo Cass em Narciso no mijo, ou na documentação da ação Devolta, de Diambe, em que a artista coreografa um círculo de fogo ao redor do monumento público em homenagem à princesa Isabel, figura da família imperial brasileira responsável pela assinatura da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no país, em 1888 — 23 anos depois dos Estados Unidos. Se a atitude de Isabel foi digna de homenagem em praça pública, no Rio de Janeiro, seu papel histórico é, há muito questionado como apenas um gesto ilustrativo que não oferecia perspectiva para o modelo escravagista no país, à época. Já o filme de Davi Pontes & Wallace Ferreira reflete sobre a racialidade e flerta com a física quântica em uma performance que se instaura em um território híbrido entre a dança e a autodefesa.

A problematização em torno do imaginário colonial também aparece na obra de Herbert de Paz, em que o artista preenche a silhueta de uma figura indígena com imagens retiradas da revista História do Brasil, editada há décadas pela Biblioteca Nacional, perpetuando uma narrativa histórica forjada no seio do colonialismo. As esculturas de Paulo Nazareth reafirmam a negação da lógica colonial e imperialista.

O corpo enquanto narrativa encarnada reaparece nas pinturas de Márcia Falcão, Moisés Patrício e Panmela Castro. Ao passo em que as obras de Falcão usam o corpo feminino como significante de violência e também de liberdade nas esferas público e privada, as pinturas de Castro são retratos de pessoas próximas à artista que se dispuseram a posar à noite, em vigília comum, durante a pandemia do Covid 19. Os personagens das telas de Patrício, por sua vez, incorporam a ancestralidade do candomblé, uma das vertentes da religiosidade afro-diaspórica mais fortes no Brasil.

A relação entre a representação do corpo e a religiosidade é temática frequente também na produção de Efrain Almeida, cujas esculturas de madeira e bronze compreendem o imaginário popular do Nordeste do Brasil, onde o artista nasceu. O interesse por materiais cotidianos marca o fazer escultórico de Sonia Gomes, cuja gaiola envolta por pedaços de tecidos torcidos sugere a liberdade almejada pela frase de autoria de Agrippina R. Manhattan, em sua obra de led: Antes de caírmos, nos tornaremos o sol.

Agradecimento especial à Elisa Larkin Nascimento e ao IPEAFRO (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros).

Tanya Bonakdar Gallery
521 West 21st Street
New York, NY 10011

Texto: divulgação

Filme “Petrume” dialoga com poesia de Abdias Nascimento

Dia 22 de junho de 2021 marca o lançamento do filme “Petrume”. Inspirado numa ancestralidade mítica, cultural e política, o filme propõe inspirar, poeticamente, o povo negro. Para isso, assume narrativas autênticas para contar as suas histórias de realeza e de poder; a lutar pelo seu pelo seu presente, honrar o passado e projetar o futuro em diferentes esferas. O filme de Arthur Canavarro traz um trecho em que dialoga com a poesia “Padê de Exu Libertador“, de Abdias Nascimento. Ficou curioso?

De 22 de junho a 04 de julho o filme estará disponível. Acesse: youtube: https://youtu.be/iRm1w1NpIF4. Outras sessões serão abertas ainda sem data definida.

SINOPSE

PRETUME é um experimento audiovisual poético, que busca na pele conexão com as vozes do passado, o protagonismo presente e a presença no futuro. ancestralidade, o mítico, o pertencimento, a resistência e o sentimento de liberdade. Expõe a pele que se une desenvolveu e construiu este mundo, e que será transmitida, continuada.

FICHA TÉCNICA

Classificação: Livre
Duração: 18 minutos
Direção, roteiro e atuação: Arthur Canavarro
Assistência de Direção: Danilo Tácito
Fotografia: Léo Lima Figurino: Juliana Pinheiro
Trilha Sonora Original: DeCo N.
Montagem, motion e finalização: Bio Quirino Mixagem e Masterização da trilha sonora: Alexandre Marino
Mixagem de Som: Daniel Lamir
Produção: Arthur Canavarro e Juliana Pinheiro
Produção Executiva: Juliana Pinheiro
Realização: ÁVIDA Produções Criativas
Incentivo: Edital de Criação, Fruição e Difusão da Lei Aldir Blanc