A Revolta da Chibata

Escrito pelo jornalista Edgar Morel, o livro narra o levante de 1910 no Rio de Janeiro, em que os marujos lutaram pela melhoria das condições de trabalho e pelo fim dos castigos corporais na Marinha Brasileira. O livro foi publicado em 1959, época em que a Marinha e as Forças Armadas Brasileiras mantinham o episódio em segredo de Estado. Chegava a ser alvo de punição a simples menção do episódio, que a partir do livro de Morel passou a ser conhecido como a Revolta da Chibata. A obra de Edgar Morel resgatou a figura histórica do líder João Cândido, que o autor apelidou de Almirante Negro.

João Cândido foi banido pela Marinha, discriminado e perseguido durante toda sua vida, passando sua família a viver as consequências dessa punição. Devido em grande parte à atuação do movimento negro, a figura histórica de João Cândido passou a ser mais bem reconhecida a partir da década de 1990, quando, por exemplo, o Museu da Imagem e do Som e a Secretaria de Defesa e Promoção das Populações Afro-Brasileiras, órgãos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, iniciaram gestões no sentido de criar um monumento em homenagem ao Almirante Negro na Praça XV. Entretanto, a resistência de setores conservadores da Marinha e das Forças Armadas impediu que o projeto fosse adiante naquele momento. Somente em 2007 foi inaugurada uma estátua de João Cândido nos jardins do Palácio do Catete. Em 2008, passados 39 anos após a sua morte, João Cândido e seus companheiros na Revolta da Chibata foram anistiados. No mesmo ano, a estátua construída em sua homenagem foi transferida dos jardins do Palácio do Catete para a Praça XV, no Rio de Janeiro.

Com este livro o escritor Edgar Morel contribuiu para esse reconhecimento bem antes e ainda numa época em que tal iniciativa poderia implicar em consequências graves para o pesquisador.