A Escola Afro-Brasileira Maria Felipa, em Salvador, Bahia, surge da ideia de jovens negras e negros que, na busca por educarem suas filhas e filhos a partir de outros marcos civilizatórios. A professora Bárbara Carine, da UFBA, e seu marido Ian Cavalcanti, se juntaram à pedagoga Naiara Santos e pensaram em uma escola que valorizasse nossas constituições ancestrais não apenas europeias, mas também a forte influência ameríndia e fundamentalmente africana em nossa formação sócio-cultural.
São três os objetivos da escola: oportunizar e dar condições para que as crianças desenvolvam suas capacidades para a formação plena por meio de ações pedagógicas, atividades lúdicas, desportivas e culturais; possibilitar aos e as estudantes o acesso as diversas formas de comunicação e linguagens oriundas de diferentes matrizes culturais, tais como: a Língua Pátria, o Iorubá, o Inglês, e o Espanhol; e oferecer à comunidade ensino de qualidade, pautado na perspectiva decolonial, que contribua para o desenvolvimento humano das educandas e educandos.
A diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, Elisa Larkin Nascimento visitou a instituição em abril de 2018. Uma das apoiadoras do projeto, Elisa enfatiza a importância de se construir uma nova educação com base em valores afrodescendentes.
“O estudo da antiguidade clássica africana seria fundamental, com ênfase na civilização egípcia como base e esteio da posterior greco-romana e com referência à presença e influência da civilização africana-egípcia na Ásia, na Europa e na América antigas. Complementando essa abordagem, seria importante mostrar como a história dessa civilização foi distorcida e encoberta, sobretudo no aspecto do protagonismo negro, nas versões ainda hoje divulgadas de forma maciça na cultura popular e na academia. Igualmente importante seria a presença dos referenciais do conhecimento africano nas diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, nas ciências exatas e nas humanidades”, disse Elisa Larkin Nascimento.
SOBRE MARIA FELIPA
Maria Felipa foi uma heroína da independência da Bahia, nasceu na ilha de Itaparica e era descendente de africanos escravizados do Sudão. Negra, marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal, liderou um grupo de 200 pessoas, entre mulheres negras, índios tupinambás e tapuias nas batalhas contra os portugueses que atacavam a ilha de itaparica, a partir do ano de 1822. Somente o grupo de Maria Felipa foi responsável por ter queimado 40 embarcações portuguesas que estavam próximas à ilha.
MAIS INFORMAÇÕES