Em 2013, o Festival de Herança Negra de Lagos, Nigéria homenageou Abdias Nascimento como figura emblemática das relações Brasil-Nigéria e da política pan-africanista. A exposição de sua pintura, “Orixás de Abdias Nascimento” e a produção, em inglês, de sua peça Sortilégio (Mistério Negro) se acompanharam de uma mesa redonda sobre a vida e obra de Abdias. Juntamente com a princesa Abiola Erelu Dosumu Fernandez da família real tradicional de Lagos, Elisa Larkin Nascimento foi designada embaixadora do Festival e proferiu palestra na mesa redonda. Ela registrou atividades do festival que apresentamos em nosso Acervo Digital.
Veja fotos e vídeos do evento e detalhes das atividades do Festival (texto em inglês).
O Festival de Herança Negra de Lagos é um evento anual promovido pelo Governo do Estado de Lagos, Nigéria, tendo lugar no Freedom Park, uma praça pública e centro cultural erguido no terreno onde existia a Prisão de Sua Majestade no tempo colonial. Nessa prisão, presos políticos ficaram encarcerados antes e após a independência nigeriana.
Desde 2011, o Festival se realiza sob a coordenação do poeta, dramaturgo e romancista Wole Soyinka, primeiro Prêmio Nobel da Literatura africano. Ele definiu o tema geral “O Preto no Azul do Mediterrâneo” no intuito de abordar, a cada ano, um aspecto da experiência diaspórica africana. Em 2013, o Festival celebrou as manifestações culturais dos descendentes de africanos escravizados no Brasil que voltaram à Nigéria nos séculos XIX e XX.
A intenção de Soyinka e do governador Babatunde Raji Fashola foi de homenagear o Brasil promovendo um encontro de artistas, intelectuais e lideranças culturais afro-brasileiros contemporâneos com seus “parentes” na Nigéria. Eles mantiveram gestões junto ao governo brasileiro nesse sentido a partir de 2012. O Ministério da Cultura se comprometeu a garantir a presença de uma grande delegação brasileira, promessa que não se concretizou. Mais tarde, em Audiência Pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, Soyinka declararia que a presença de Abdias Nascimento, com sua peça, exposição e mesa redonda, representou com dignidade o país homenageado que se ausentou.
Leia a Carta Aberta de Elisa Larkin Nascimento à ministra Marta Suplicy sobre o episódio da prometida delegação brasileira ao Festival, que coincidiu com a desastrosa atuação do governo brasileiro diante das indagações da imprensa alemã sobre a ausência de autores afro-brasileiros na Feira de Frankfurt de 2013.